Press release | 21 de Janeiro de 2020

Líderes activistas apelam aos delegados presentes no Fórum Económico Mundial para que declarem emergência climática

Apoiamos as aspirações de centenas de milhões de pessoas empenhadas na justiça climática, transformação económica, igualdade, direitos humanos, ambiente, justiça de género e direitos dos trabalhadores, crianças, refugiados, povos indígenas e comunidades de inspiração religiosa.

Estamos solidários com pessoas de todo o mundo que desejam perspectivar um futuro melhor e saudamos o foco do Fórum Económico Mundial (FEM) de 2020, "Stakeholders para um Mundo Coeso e Sustentável". Contudo, o tema central deste 50° fórum em Davos soará a falso, a não ser que corresponda à visão, coragem e clareza demonstradas pelos que assumiram a linha da frente no movimento climático – os jovens, as mulheres, os cientistas e os organizadores comunitários que estão a apontar o caminho em todo o mundo (#StandTogether).

Cremos que chegou o momento de os decisores participantes na reunião anual do Fórum Económico Mundial declararem emergência climática nos seus próprios países e empresas e tomarem urgentemente as medidas necessárias para proteger a humanidade e o nosso planeta, nomeadamente algumas das nossas comunidades mais vulneráveis.

Para potenciarmos ao máximo as nossas probabilidades de limitar o aquecimento global a 1,5°C, temos que reduzir para metade as emissões globais até 2030 e chegar às emissões zero líquidas até 2050. Isto significa que os governos, as empresas, os investidores e a sociedade civil devem colaborar no sentido de transformar rapidamente a nossa economia até ao final da década, através de uma transição justa e cuidadosamente gerida que combata as desigualdades e defenda os direitos humanos e laborais.

Para conseguirmos uma transição justa para os trabalhadores e as comunidades, devemos:

  1. Acabar com a exploração e a extracção de combustíveis fósseis – Eliminar, completa e rapidamente, a sua exploração, extracção e utilização, com os países de rendimento mais elevado a efectuar as reduções mais rápidas e os investidores a desinvestir em combustíveis fósseis.
  2. Acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis – Realocar os 5,2 biliões de USD em subsídios aos combustíveis fósseis, aplicando-os no apoio às energias renováveis produzidas responsavelmente e no reforço aos sistemas de protecção social.
  3. Fazer os poluidores pagar Atribuir um preço significativo à poluição e fazer os que a provocam pagar o custo real das suas actividades para a saúde humana e o ambiente.

A construção de um futuro próspero, regenerativo e mais igualitário exigirá um nível exponencial de inovação e um novo contrato social baseado em impostos justos, direitos humanos, desenvolvimento sustentável, direitos das mulheres e redistribuição de recursos.

Isto exigirá que os governos aprovem leis que obriguem as empresas a respeitar os direitos humanos e a implementar sistemas de diligência devida para identificar, revelar e combater os seus impactos sociais e ambientais e prevenir e remediar os abusos que são actualmente endémicos nas suas operações e cadeias de abastecimento. As empresas terão que cumprir rigorosamente as leis, implementar rapidamente as políticas necessárias e publicar e aplicar planos de transição claros e justos.

Se o fizermos, teremos a possibilidade de criar milhões de postos de trabalho e construir um futuro melhor, mais seguro e próspero em prol da maioria e não apenas de alguns, com ar puro, biodiversidade recuperada, energia renovável e transportes económicos e fiáveis. Paralelamente, melhoraríamos o acesso aos direitos humanos, nomeadamente a saúde e educação, em todas as comunidades.

Está na hora de as empresas e os países influentes, que estão a barrar este futuro, acordarem! O actual modelo já não serve a humanidade nem o planeta e não pode ser mantido. Apelamos a estes decisores, representados em peso na reunião de Davos, para que ouçam este apelo: Declarem emergência climática, acabem com a exploração e extracção de combustíveis fósseis, acabem com os subsídios aos combustíveis fósseis e façam os poluidores pagar o custo verdadeiro das suas actividades.

Imploramos ainda a estes actores que respeitem os direitos fundamentais dos activistas que trabalham nestas questões à liberdade de expressão, associação e reunião pacífica. Isto significa que devem ser implementadas medidas a nível nacional ou das operações empresariais para minimizar os riscos para os activistas e para os proteger de represálias.

Na nossa opinião, toda a empresa que não esteja a operar de uma forma clara e transparente no sentido de apoiar políticas públicas transformadoras, ou que não respeite os direitos humanos e o ambiente, identificando, revelando e combatendo os seus impactos negativos, não está a cumprir as suas responsabilidades para com a sociedade.

Qualquer governo ou agência multilateral que continue a sancionar ou a subsidiar a extracção de combustíveis fósseis estará também a falhar nos seus deveres para com a humanidade. Os governos devem satisfazer as necessidades básicas e os direitos fundamentais das comunidades desfavorecidas e liderar uma transição justa para um futuro livre de emissões.

Cada dia de atraso aumenta os desafios de alcançar a sustentabilidade e a coesão. Cada voz que se ergue exerce pressão sobre os responsáveis pela continuação da degradação climática, abusos dos direitos humanos e desigualdades cada vez mais profundas. No início desta década decisiva, chegou o momento de os governos e as empresas reunidos em Davos decidirem se estão ao lado da humanidade, na defesa do nosso futuro comum.

/ ENDS

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